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13.10.04

Ouviram do Ipiranga - recuerdos de um dia sete...

Ouviram do Ipiranga – recuerdos de um dia sete...

Na manhã de um fúlgido dia, com o sol pujante e voraz,
mirando os verdes campos da paisagem ainda adormecida,
o calor incessante dirimido pelo sumo do lúpulo álgido assaz...

A pândega incoada pelos decibéis distorcidos conforme a tradição,
irrompeu o silêncio dos páramos e encetou o culto a ebrietude
pela ínclita casta que deveras o fez com obfirmada devoção...

Envoltos na cálida contenda pela pelota, sem olvidar
o refrigério etílico recôndito nas sombras da bela figueira,
e o churrasco que alhures ardia na brasa e perfumava o ar...

Na ímpia miscelânea de fatos, celebramos o preito à consumpção,
e mormente o amor, a amizade e o júbilo da suave hebetude,
que de chofre elevou minha pobre alma à sublimação!
por Cesar Boufleur.
COMENTÁRIO PESSOAL:
A “tradução” do texto é esta:
Na manhã de um dia claro, com um sol forte e voraz,
olhando os verdes campos da paisagem ainda adormecida,
o calor incessante suprimido pelo chopp gelado por demais...

A festa começou com os decibéis distorcidos conforme a tradição,
irrompeu o silêncio das planícies e deu início ao culto a bebedeira
pela ilustre turma que realmente o fez com grande devoção...

Envolvidos na ardente disputa pela bola, sem esquecer
A bebida descansando nas sombras da bela figueira,
e o churrasco que logo ali queimava na brasa e perfumava o ar...

Na herege mistura dos fatos, celebramos o aniversário,
e sobretudo o amor, a amizade e a alegria do suave entorpecimento,
que subitamente elevou minha pobre alma à sublimação!

O texto resgata os momentos da festa realizada no dia 07/09/2004.
Chegar no lugar e olhar a natureza silenciosa de uma manhã muito quente, beber um choppinho gelado e refrescante com os amigos, envoltos pelos acordes dissonantes do heavy metal no regozijo da celebração da vida, que na visão demente de quem vos escreve é sim uma celebração da morte, por morrer-se um pouco a cada dia. O futebol ao léu, sob o sol escaldante no azul do céu, remediado pelo chopp sacro-santo ao lado do campo e o churras por demais saboroso, cujo perfume criava uma aura mágica sob aquele habitat. Depois ainda teve a bocha, o chopp, o vôlei, o chopp e no final de tudo mais chopp! Tudo isso, para mim, foi sinônimo de viver...(?)

Canto dos Livres

Esta é a letra de uma música que traz no seu âmago o ideal missioneiro. De autoria de Cenair Maicá, traz o sentimento que, desde os tempos do índio Sepé até hodiernamente, ainda perdura na alma de todo xirú nascido nos páramos dos Sete Povos. É uma ode ao canto, à vida. Uma toada clamando liberdade...

O Canto dos Livres

Se o meu destino é cantar, eu canto.
Meu mundo é mais que chorar, não choro.
A vida é mais do que pranto,
é um sonho com matizes sonoros.

Hay os que cantam desditas de amores,
por conveniência agradando senhores.
Mas os que vivem a cantar sem patrão,
tocam nas cordas do seu coração.

Quem canta refresca a alma,
cantar adoça o viver
Assim eu vivo cantando,
para aliviar meu padecer.

Quisera um dia cantar com o povo,
um canto simples de amor e verdade.
Que não falasse em miséria, nem guerra
e nem precisasse clamar: liberdade!

No cantar de quem é livre,
hay melodia de paz,
horizontes de ternura,
nesta poesia de andar.

Quisera ter a alegria dos pássaros,
na sinfonia do alvorecer
e cantar para anunciar quando vem chuva
e avisar que já vai anoitecer.

E ao chegar a primavera com as flores,
cantar um hino de paz e beleza,
longe da prisão dos homens e da fome,
pra nunca cantar tristeza...

por Cenair Maicá.

Crônica ao meu amigo Tavares


Meu caro amigo. Prosa. Poesia. Poema. O que importa? Qual a métrica, qual a rima, qual a melhor estética? O que importa? Porque nos limitar a regras? Já não são tantas as que nos cerceiam? Perguntas que não precisam respostas, cada indivíduo deve construir a sua própria idiossincrasia, sem ser casuístico. A minha, no que se refere aos textos, é a de construir um jogo de palavras a fim de expressar alguma idéia, mesmo que seja a idéia de coisa nenhuma.
Devemos objurgar os circunlóquios adredemente aqui discreteados? Perscrutar no Aurélio a loquacidade supra é o desiderato, sem fulcrar-se na jactância ou pedantismo, mas com o mister de acabar com a indolência e o trivial que contamina nossas cabeças. Este é o escopo. Ou como preferes, este é o desejo, esta é a intenção. Eis o porque escrever deveras e não realmente, tálamo e não leito, talante e não desejo, e andejo ao invés de andarilho. Não quero apenas enfeitar a estrofe, ou será refrão? Talvez estribilho? Quero o pensar, o pesquisar, o conhecer. Quero a liberdade de escrever como bem entender, sem ser pautado por regras que não me dizem nada. Escrever de forma “simples” quando quiser e de forma “culta” quando me convir. Não posso concordar que só o simples é belo. Não por achar prosaico, mas pelo paradoxo da escrita e da própria vida. Afinal, o que é “simples”? E o que é “culto”? Como bem falei, depende da idiossincrasia de cada um, ou como queira, a maneira de cada um de ver as coisas. É o nosso cotidiano que determinará se a palavra é “culta” ou “simples”, e o que não é o cotidiano se não o exercício diário de alguma coisa? Não quero parecer pretensioso, nem mesmo culto, quero apenas expressar as coisas com palavras que me dizem alguma coisa (é uma redundância, mas tá e daí?).
Mas não é só isso, é mais. Precisa também ter uma idéia. Precisa também ter uma estética. Uma estética visual. Uma estética verbal. Da idéia deve surgir, latente (oculto), sentimentos. Precisa tocar o coração, desperta na alma a emoção, a paixão, o amor, ou ainda a raiva, o ódio, o rancor. A indiferença é a morte, precisa causar indignação, precisa encetar alguma sensação. Por isso meu caro amigo, deixe-me escrever... E tenho dito!
E pra homenagear esta crônica, segue supra dois textículos (eheheh...).
por Cesar Boufleur.

5.10.04

O FUNERAL

FUNERAL

Por favor, sorria
e abra os olhos para mim.
Teu caixão me agoniza,
é doloroso te ver assim.
Continuas linda,
apesar de teres chegado ao fim.
Eu te quero ainda,
mesmo coberta por rosas e jasmins.

Sorria... sorria...
Adeus tristeza,
somente alegria...

Agora, levante-se
e o passado vamos esquecer.
Uma nova vida, sem dor,
somente amor e prazer.
Por favor, volte
e acabe com meu sofrer.
Eu te prometo uma melhor sorte,
a morte, dessa vez vamos vencer.
por Cesar Boufleur.
COMENTÁRIO PESSOAL:
Veja a morte. Não a simples morte, mas o pior da morte, a morte do amor. Quem ama sozinho, não ama, sofre. E a morte de quem se ama é a transformação do amor em sofrer. Isso é o pior da morte. Você não ama mais, agora sofre.
Se a morte é cruel, pior é vivê-la. Ao morrer quem você ama, você passa a viver essa morte. A transformação do júbilo do amor na tristeza do sofrer.

27.9.04

O ANDEJO

O Andejo

Ruas e becos, buracos e afins,
todos eles nesta cidade
tem partes de mim.
Noites e dias vagando a esmo,
discreteando vaticínios,
escarnecendo a mim mesmo.
Minha infausta razão, próxima do fim,
implora: por favor sorria,
e afaste a loucura de mim!
A guarida de um beijo
e mormente um abraço pujante,
é o talante deste simplório andejo.

por Cesar Boufleur.

COMENTÁRIO PESSOAL: Solidão e loucura. Um andarilho em busca de compaixão, desesperado, delirante e carente. A tristeza que envolve a solidão, transforma a raiva de viver em recalque, ódio e rejeição. A solidão de uma mesa de bar em que a única companhia é o copo estático, mudo e compreensivo. A retina fixa mirando a magnitude feminina, cega, indiferente e soberana. A infinita capacidade de amar frente à vontade insana de ser amado. O desejo de receber amor, qualquer amor, de qualquer um, um mínimo de carinho, um afago, um abraço, um sorriso, um olhar. A solidão que se transforma em loucura.

22.9.04

Mr. Dead

Mr. Dead
Hey!!! Mr. Dead, you know what I see?
I see a fucken hole in your head,
gushing blood over your hair
and flies dancing in your mouth.
Tell me what you see... what is you belive?

Hey!!! Mr. Dead, you know what I see?
I see your body in a dirty grave,
your kids crying, a wreath of flowers
and your soul in an empty place.
Tell me what you see... what is you belive?

No God, no Lord or Jesus Christh.
No Heaven, no Promissed Land or Paradise.

Welcome to the unknow, to the eternal nothing,
withtout light, without colors, without life,
where the feelings don't survive
and the human being is only meat,
covered of worms six feets...
under!!!
by Cesar Boufleur.
COMENTÁRIO PESSOAL:
Esta é uma letra de uma música não musicada, criada nos idos tempos em que me aventurava pelas melodias dissonantes do heavy metal. Trata-se de uma heresia construída na descrença de um ateu niilista e agnóstico, extravasando conceitos particulares sobre os vaticínios quiméricos do cristianismo. A morte é o fim. Não tem alma. Não tem céu. Não tem Deus. Apenas a transformação da carne humana em adubo orgânico. Morreu, literalmente, fedeu. A vontade do ser humana em alcançar a vida eterna é mais um devaneio de sua natureza egoísta. O homem é egoísta por natureza. E isso por si só explica sua necessidade de criar a vida eterna, mesmo diante da maior certeza do fim de tudo, a morte.