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27.9.04

O ANDEJO

O Andejo

Ruas e becos, buracos e afins,
todos eles nesta cidade
tem partes de mim.
Noites e dias vagando a esmo,
discreteando vaticínios,
escarnecendo a mim mesmo.
Minha infausta razão, próxima do fim,
implora: por favor sorria,
e afaste a loucura de mim!
A guarida de um beijo
e mormente um abraço pujante,
é o talante deste simplório andejo.

por Cesar Boufleur.

COMENTÁRIO PESSOAL: Solidão e loucura. Um andarilho em busca de compaixão, desesperado, delirante e carente. A tristeza que envolve a solidão, transforma a raiva de viver em recalque, ódio e rejeição. A solidão de uma mesa de bar em que a única companhia é o copo estático, mudo e compreensivo. A retina fixa mirando a magnitude feminina, cega, indiferente e soberana. A infinita capacidade de amar frente à vontade insana de ser amado. O desejo de receber amor, qualquer amor, de qualquer um, um mínimo de carinho, um afago, um abraço, um sorriso, um olhar. A solidão que se transforma em loucura.

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